Nos últimos anos, observa-se uma crescente atenção para a economia compartilhada, atividade que conta principalmente com plataformas digitais a fim de facilitar transações e conceder acesso temporário a bens e serviços, alterando a questão da propriedade.
Como consumidor, você já deve ter entrado em contato com este tipo de serviço, ao solicitar um veículo para realizar um trajeto ou reservar um apartamento para uma viagem de férias (os exemplos são inúmeros). Estas mudanças também são sentidas pelas empresas: com a era digital, nota-se um aumento no volume de demandas de Opex (despesas com serviços), em detrimento do Capex (despesas de capital).
Desta maneira, as organizações passam a alugar ao invés de comprar um equipamento que provavelmente ficará obsoleto em breve devido a avanços tecnológicos, a alugar um imóvel ao invés de comprar, e mudar a área de operação (uma região que antes era interessante para seu negócio pode não ser mais em um curto espaço de tempo). Para entender mais sobre essa questão, leia nosso blog específico sobre o tema.
Esta mudança significativa de paradigma, com tendência de crescimento para os próximos anos, está sendo conduzida por empresas digitalmente nativas, por terem mais capacidade de resposta em ambientes dinâmicos e complexos, com seus modelos de negócios baseados em relacionamento com diferentes parceiros e ganho de comissão por cada serviço prestado (por exemplo, um valor específico a cada corrida solicitada no aplicativo de transporte). Esse cenário exige das empresas grandes e consolidadas uma adaptação para esta nova realidade.
Conceitos e tendências
A economia compartilhada promove uma verdadeira revolução na forma como produzimos, consumimos e transportamos produtos. Para as empresas, ela traz uma série de possibilidades a fim de reduzir custos na operação, aumentando a produtividade, entre outros benefícios.
Em termos gerais, ela está vinculada à possibilidade de as pessoas e empresas contratarem serviços por um tempo determinado ao invés de comprar um material específico. O compartilhamento em si já adotado há alguns anos (por exemplo, companhias aéreas concorrentes que utilizam uma mesma aeronave para prestarem seus serviços). Entretanto, o atual contexto criou condições favoráveis para a ampliação desta prática.
Os exemplos mais conhecidos estão nos setores de viagem, compartilhamento de carro, finanças, pessoal e streaming de música/vídeo. Porém, muitos setores podem se apropriar destes conceitos e aplicá-los em sua realidade.
De acordo com relatório publicado em 2017 pela empresa de logística DHL, a previsão é de que as receitas globais relativas a este mercado fiquem em torno de 300 bilhões de dólares até 2025. Estes números devem mudar em decorrência da pandemia de Covid-19, mas demonstram a relevância do compartilhamento atualmente.
Há alguns elementos que ajudam a explicar o crescimento da economia compartilhada nos últimos anos. Entre eles, a junção entre desenvolvimento tecnológico e tendências, econômicas, sociais e ambientais (como a recessão global a partir de 2008, a nova geração de nativos digitais e preocupação com o meio ambiente).
Entre os elementos tecnológicos que promovem a economia compartilhada, estão:
- Dispositivos móveis conectados, como o celular, que permite a realização de transações comerciais e infraestrutura para pagamento digital de forma segura;
- Perfis verificados e avaliações online, que garantem reputação e credibilidade ao prestador de serviço;
- Uso de softwares e algoritmos específicos da plataforma para conduzir a experiência do cliente;
- Mapeamento e localização em tempo real do produto a ser entregue.
Todavia, há alguns desafios relativos à plena implementação de modelos de negócios deste tipo, como a confiança, transparência e responsabilidade que deve ser construída entre os envolvidos, mesmo no ambiente online.
Além disso, um importante ponto refere-se à proteção da força de trabalho: como ela não é mais fixa, e sim sob demanda, existe o risco de precarização das condições para o prestador do serviço (sobre este assunto, veja o nosso artigo sobre ética nas cadeias de suprimentos).
Economia compartilhada nas cadeias de suprimentos
No contexto das cadeias de suprimentos, a conexão entre seus diversos participantes permite a adoção de novas políticas de empréstimos, transporte, estocagem e gestão de pessoal, ajudando na redução de custos e das emissões de gases poluentes.
Além disso, as cadeias de suprimentos tornam-se críticas com a crescente necessidade de agilizar a entrega dos pedidos. Como solução, a implementação de múltiplos centros de distribuição e caminhões compartilhados ganha destaque.
Desta forma, parceiros podem guardar mercadorias de sua empresa, reduzindo as distâncias e o tamanho das cargas até o endereço de entrega. A reutilização de recursos e o envio compartilhado de encomendas também ajudam a evitar desperdícios, com a utilização de caminhões vazios em viagens de retorno.
A agilidade de informações também ajuda neste caso, com a conectividade em tempo real, e o rastreamento de encomendas. Por exemplo, após entregar uma remessa, um motorista pode verificar se há alguma demanda de envio de um material para o seu local de destino (podendo atender vários clientes até o limite de carga do veículo).
Outras sugestões para o uso da economia compartilhada nas cadeias de suprimentos são:
- Para agilizar o recebimento de um material, a empresa pode se associar a serviços de entrega de terceiros que garantam a entrega no mesmo dia ou o mais rápido possível;
- Encontrar maneiras novas e inovadoras de lidar com um estoque não vendido, como alugá-lo para empresas, além de coletar dados para detectar tendências futuras e previsões de demanda.
E o departamento de compras de materiais indiretos?
As vendas exercem uma influência crescente para a gestão empresarial, sendo responsável por monitorar fornecedores, gerenciar riscos, identificar oportunidades e avaliar continuamente a cadeia de suprimentos para agregar valor em conjunto com as diversas áreas.
Para os compradores de materiais indiretos das organizações, há algumas possibilidades de compartilhamento de recursos, ferramentas e habilidades em excesso para maximizar a eficiência coletivamente:
- Identifique novos fornecedores (priorizando os mais inovadores) e encontre oportunidades para compartilhar recursos;
- Compreenda bem o ecossistema e quem está envolvido nele (empresas vendendo produtos, concorrentes, transportadoras, entre outros atores) para o compartilhamento de conhecimento e inovações;
- Utilize a tecnologia a seu favor. O uso de softwares de gestão fornece às organizações os insights necessários para se adaptar à crescente influência da economia compartilhada;
- Verifique sempre se estas possibilidades estão alinhadas à política jurídica de empresa, evitando problemas com a contratação deste tipo de serviço;
- Treine a sua equipe para que ela avalie oportunidades de negócios deste tipo e sabia mitigar possíveis riscos que surgirem no caminho (como o atraso de uma entrega). A economia compartilhada é fundada em um processo de mudança tecnológica intensa, mas ela necessita ser acompanhada por uma alteração na mentalidade das pessoas;
- Considere realizar o outsourcing, isto é, a terceirização de algumas funções e atividades com empresas especializadas, e compartilhe as responsabilidades envolvidas no processo de aquisição.
Conclusão
A economia compartilhada é uma forte tendência que veio para ficar. Este movimento está sendo conduzido por novas empresas com novos modelos de negócios, exigindo a adaptação das empresas maduras.
Para as cadeias de suprimentos, há múltiplas possibilidades relacionadas ao compartilhamento: empresas podem contratar serviços deste tipo, concorrentes podem compartilhar recursos e equipamentos para maximizar a eficiência, ou até contar uns com os outros para fornecer componentes especializados, entre outras.
A empresa GoShare é um caso de sucesso deste tipo de negócio. Com ela, é possível contratar motoristas para ajudar na carga, transporte e descarga de materiais nas principais cidades dos Estados Unidos.
É importante ressaltar que estes modelos são vistos por especialistas como um complemento à atual cadeia e não um substituto. Em outras palavras, eles ajudarão na melhoria da produtividade, mas não podem ser vistos como a solução de todos os problemas.
Outra sugestão é contar com uma empresa especializada na aquisição de materiais indiretos em todo o mundo, como a Soluparts. Experimente nossos serviços enviando sua cotação.